Faz algum tempo que não escrevo. Não por que não me venham acontecendo novas coisas, surgido novas ideias, ou que aja menos incerteza nas minhas certezas. Mas não é tão fácil assim. Há alguns dias venho me segurando e me empurrando pra cá, cruzando os dedinhos atrás, por que cá entre nós, largar a mão disso seria como quase tudo que nós trouxe aqui: Um meio sim, um meio não. Uma meia vontade, um meio receio, e lá no fundo um meio (nem que seja meinho) de insegurança. Mudanças, mudanças, mudanças... Toda hora, todo tempo. Sentei aqui sem um tema pronto, e veja só, ainda não tenho um! Ou tenho? Sei lá, são tantos... Comecei a teclar com mil ideias e não me restaram nada. Ou diria que me restaram? opa! Encontraram-me outras boas novas...
Viu só? Tudo é complicado, até o inicio de um texto. E isso se deve ao fato que as coisas são mesmo assim, incertas ou certas... Tudo é muito. E isso acaba preenchendo mais do que devia, infelizmente. Ontem me falaram que eu preciso descomplicar, e que a gente tem que ser mais livre. Ainda dá tempo? É estranha a sensação que fica depois de consecutivos erros e acertos, tropeços, quedas... O infinito ciclo sem fim: Cair, levantar, cair, levantar. Cagadas e combos. De novo, de novo, de novo. O que é se sentir leve e solto em meio a tudo isso? Sinceramente, eu não sei. Se não é possível se livrar de si mesmo, se jogar de uma janela sem morrer, se existem sorrisos feios e bonitos, se existe o certo e o errado, pra mim a liberdade se torna apenas uma desculpa pra justificarmos o que queríamos que a vida fosse e que na verdade não é. Pense: Você ouve o que não gostaria, diz o que não devia, sente o que não quer, não sente o que quer, pensa o que não deve, enxerga onde não tem, não ver o que tem que ser visto, não olha a rua ao atravessar, se anda descalço é quente, se anda calçado aperta, se correr cansa, se andar devagar não chega, vive pra ver vários fins de mundos e santamãededeus ainda tá vivo! A música acaba, recomeça, e continua falando por você. Por que as vezes, não saí. Por que quando tudo parece perdido e pronto pra finalmente deixar o porto, você tá ai, pronto pra outra...
Anda acontecendo tanta coisa ultimamente! E se nada disso é real amigo, me diz: onde é que eu tô? Universalmente, moralmente, socialmente, individualmente... Parece mesmo que outro ano começou. Parece mesmo que os ideais estão intactos e que só mudaram os protagonistas. Só que também parece mesmo, dessa vez em CAPS LOCK que nada é igual...
E talvez a liberdade se pinte de forma grotesca, na cara dura. E por mais clichê que pareça ser, pra mim sentir é chegar ao seu nível máximo. É o terceiro ato, o fim da cena. Por que o único escândalo mesmo é a solidão. É a dor que não saí no jornal. É não conseguir ficar de bem consigo mesmo. É só querer se lembrar do que é agora, não do que já foi. É não virar personagem de si mesmo nem que seja uma única vez. É não conseguir se dizer patrão assumindo que foi lá e fez, só pra não ter que perceber que não devia ter feito. Escandaloso de verdade, é não querer ser selecionado nem se sentir eleito. É não querer se sentir vivo.
E a gente? Ah, a gente vai levando! Nesses encontros desencontrados, nessa saudade sem fim, nessa vontade louca de continuar, no receio de seguir, na expectativa do recomeço ou ainda, do fim. E tem também os desencontros tão bem encontrados, que fazem querer descobrir mais, querer gostar mais, viver mais, cantar mais, SENTIR mais. Nós? Nós estamos por aí, é só procurar! Fazendo do agora tempestade, e da tempestade baderna. Tentando dar a cara pra bater. Estamos na luta, querendo não olhar pra trás a cada passo, tentando ofuscar a saturação e mesclar com violeta... Achando que hoje tudo está ferrado, só pra poder olhar pra trás e pensar que: Vamos tentar do jeito que der, porque talvez, e só talvez, já sejamos e tenhamos mesmo tudo isso...