terça-feira, 25 de outubro de 2011

Amy Winehouse




É muito difícil falar sobre o que não se conhece: é como tatear o vazio em busca de algo abstrato que ninguém mais vê ou sente. Não falo da música, que sim, conheço por alto e não nego: que artista. Falo da pessoa. E resolvi começar por ela por que pra mim é a representação do problema real, em carne e osso. 
Não que a vida dela não seja pública, mais tento entender o que está por trás da foto, do cabelo, da loucura excessiva que sua imagem representa. E não consigo. E me arrisco.
De novo.
Sei que é um julgamento injusto: são meus os ideais. Mas quem nunca fez isso? Quem nunca deixou de comprar um livro pela capa escura e sem expressão? Ou então que comprou a extremamente colorida e se deparou com folhas desbotadas?
No caso da Amy o que vi e vejo é apenas uma coisa: tristeza. Tão excessiva quanto à loucura, citada acima. Doentia. O quanto? Suficiente para fazê-la criar um hino contra-reabilitação que pra mim só define uma pessoa insegura, sem fibra suficiente pra sustentar os problemas, que diga-se de passagem: foram criados pela mesma.
Suas músicas nos levam a um universo estranho. A voz rouca expressa um breu que parece sem fim, que perfura, machuca e que ao acabar só faz restar alívio.
 Contudo, é como uma droga. Você quer de novo, por que o ser humano é sedento de sentimento, e infelizmente: de qualquer tipo.
Pra mim ela passa longe de ser um exemplo. Pelo contrário. É uma pessoa que não é nem metade do que se quer ver no espelho. Tudo bem, ela é humana e infelizmente tinha um público que estava tão sedento de som quanto de vexame. Mas podia ter feito diferente. Por quê problemas... todo mundo tem. Simplesmente morreu. Deixou pra trás um "belíssimo cadáver", sim. Talvez alguma expressão mais ampla. 
Mas quis isso.
Pra fugir? Não sei. Ninguém sabe.

E você aí pode estar dizendo que ela tentou. E eu te respondo que não tanto quanto deveria. E você deve insistir: Ela se apaixonou por um drogado que a influenciou. Mais leia a frase de novo. Achou o porém? Então.
Eu não ignoro que nem sempre é possível voltar. Mais a gente não se entrega. E Talvez eu devesse me calar agora, por que isso aqui perdeu totalmente o foco, ou por que você já deve ter dormido. 
Mais é que dá medo. Medo por você, pela sociedade. Pelas pessoas sem opinião. Que caem em poços sem fim. Pelas que acham que não tem saída. Pelas que estão a ponto de pular da ponte.

E sempre há uma. 

Sempre. 

Então eu imploro, não desistam disso por nada nesse mundo.

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Música

Hoje acordei cedo, e decidi sair de casa pra respirar.  Peguei um casaco e desci. Sentei no estacionamento quase que sentindo o gosto do frio das cinco da manhã.  Fiquei lá meio encolhida, com um sorriso meio escondido, observando os carros que pouco a pouco enchiam a pista numa melodia desarmônica, quando a única pessoa que eu não esperava ver, veio me perguntar se eu era uma dessas que gostava de música. E no por quê. Perguntas que inicialmente não são dignas de uma reflexão, pois quem me conhece sabe o quanto eu gosto do negócio. Mas eu disse inicialmente não foi?

Então. Admito que respondi balela pela força do hábito. Mas aquilo ficou na cuca, meio que... Encucado. E voltei pra casa num pulo pra buscar os fones na ânsia de tentar entender o que leva alguém a fazer uma pergunta desse porte à outra que se encontra de roupa de dormir e casaco no meio do quase-nada.
E não consegui. Pois, como dizem: não dar pra saber o que se passa na cabeça de cada cidadão.

Em contrapartida, agora sei responder a altura. Por que acabei de descobrir que música tem cor e sabor. É como o vento, ou o mar. Você escolhe! É como uma capa que se veste por uns minutos e se retira, num corte fundo mais não desagradável, pelo contrário: bonito de se ver.
Particularmente, gosto de todos os ritmos. Cada um me faz lembrar de um tempo, de um momento,  de um pedaçinho de história que ficou pra trás, ou não. Como as lembranças que vêem lentamente junto com o velho MPB no som gasto e gigante do vô Marcílio que parecia gritar de tanto sentimento no comando de Caetano e Roupa Nova.
Ou no pagode da rua, em pleno domingo. No rock que pulsa dentro do fone na hora de ir pra aula.
Na exclusividade que a música brasileira tinha no antigo hoje perdido mp3. No rap torto com letra bruta às nove da manhã, nos intervalos de 2009.
Devo admitir também, que sou amante de todas as outras(!) artes, mas que pra mim os músicos superam-se. São eles que tocam várias gerações com uma letra, que não escolhem pessoas, que emocionam, que fazem parte da vida de tanta gente (inclusive da minha), e que dizem tanto em tão pouco tempo. Que passam por diferentes gentes afogando todo mundo num mesmo mar.  

Isso pra mim, é mágica.

Então a eles, o meu respeito.

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

E acima de tudo, é preciso ter fé. Fé em tudo: dias melhores, coisas melhores, pessoas melhores.

E com tanta coisa ruim, me admiro por nunca ter perdido a minha.

terça-feira, 11 de outubro de 2011

As tantas primeiras coisas. (crônica)


Era noite.
Mais uma destas tão normais quanto a velha praça, que pouco a pouco enchia-se de energia. Os bancos eram de madeira e as árvores descabeladas pareciam crescer onde bem entendessem, sem quê nem porquê. A mágica daquele lugar apesar de visível e distinta, era viva, o que a fazia diferente das outras. Formada apenas pelas próprias pessoas, natureza e essas coisas que se moldam através do pensamento.
Mas hoje, havia uma coisa errada.
A calma que ali era sempre constante, estava sendo quebrada. E tamanha inquietação vinha do ponto menos iluminado e mais bonito onde se encontravam dois jovens, fazendo o que era inicialmente simples se tornar complicado, na mesma proporção em que água pura vira salobra.
A discussão era contínua e parecia haver começado a muito. Ela estava um pouco afoita e repetia automaticamente a frase “Isso não vai dar certo”. Enquanto ele apenas observava com um sorriso tanto irônico quanto sarcástico aquele ser tão difícil de lidar tentar consertar o trabalho de ciências, que segundo ela (e somente ela), estava errado.

Em seu ponto de vista, ela era tudo que há de errado em um ser humano: chata, arrogante, prepotente, cabeça dura, teimosa. A insuportável. A linda. A inteligentíssima Ana, que andava pra lá e pra cá com uma meia listrada e cabelo azul. Que o encantava pelo tom, pela profundidade que seu olhar escondia por entre os traços pretos de lápis barato. A louca. Que talvez ainda não soubesse, mas era a única pessoa que o impedia de cortar os cachos do cabelo loiro que caíam no seu rosto de traços tão finos.
E ali, naquele exato momento em que ele voltava a sua atenção para a pequena e brava criatura que parecendo cansada sentou-se também, que alguma coisa mudou. E de forma tão incompreensível quando inesperada, os dois que eram tão diferentes se tornaram por alguns segundos iguais. Os olhares se cruzaram, e partindo mais dele que dela que não sabia bem o que fazer nem como fora para ali, que o beijo aconteceu.

O primeiro dela. O melhor dele.  

E minutos que pareceram uma eternidade se passaram, fazendo desgrudar o que há muito já devia estar junto, e a confusão e o nervosismo tomaram conta fazendo com que o ar à pouco colorido se tornar pesado; as mãos se soltarem em um único ato, e a complicação entrar em êxtase.
Ela foi embora quase voando, ele permaneceu ali estático, parado e feliz, pensando em procurá-la no dia seguinte, por quê pode ser que ela também ainda não soubesse, mas ser bom só enquanto durou, não fazia seu tipo preferido de aventura.

(continua)

sábado, 1 de outubro de 2011

E o futuro é uma astronave que tentamos pilotar, não tem tempo nem piedade, nem tem hora de chegar...

"(...) Sem pedir licença muda nossa vida, e depois convida a rir ou chorar...  "

É incrível como as coisas mudam. A todo tempo, a toda hora, a todo segundo. Nada nunca permanece igual, e isto inclui você, eu e todo mundo. Te dou um exemplo: hoje eu saí com o cabelo solto e o vento o deixou em um estado deplorável. Então amanhã eu vou usá-lo para o outro lado, ou preso, ou andar de costas. Entende? 
Eu usei este exemplo tão fútil, só pra mostrar que isso não se aplica apenas aos sentimentos, vontades, coisas e desejos.

Por que depois de um tempo, a vida te obriga a entender que nada dura pra sempre. “Dura o tempo necessário para se tornar inesquecível”, pelo menos foi isso que me ensinaram. E pra ser inesquecível, não precisa ser igual, e não será.

Só que isso não significa que vai ser ruim, nem melhor, só vai ser diferente... E não dói aceitar. 

Pois querendo ou não o futuro chega. Quando menos se espera ele está ai, na nossa cara, nos empurrando pra frente. E tem gente que faz das tripas coração pra permanecer parado, no ontem.

E isso é triste. Pelo simples fato do tempo ser algo TÃO bonito!

Eu sou contra o pensamento que diz que o mesmo apaga, cura e te faz esquecer. Na minha cabeça se fosse assim iríamos deixar de entender muita coisa. Veja:
Você estava em um relacionamento que não estava dando certo. Lutou por ele, tentou de todas as formas possíveis retardar a mudança que já estava na porta: quase implorando pra entrar. Mas depois de algum tempo, aceitou que era mesmo o fim. Só que junto com a aceitação veio a dor. Que por sua vez, também passou. E você diz por ai que foi o tempo que te curou, quando na verdade, não foi bem assim. A única coisa que ele fez foi passar, fazendo você entender aquilo que lá no fundo já sabia. Te fez aprender. Na marra.

Eu sei que há muitas coisas que nos impedem de querer seguir em frente. As outras, além destas. Sei que não adianta eu falar, se você não estiver preparado para ouvir. Eu engulo minhas "fases" por não estar. Por quê há os amigos que ficam, o “tempo bom que não volta mais”, a falta de responsabilidade... Só que a vida é isso aí! Ela, que apesar de quase nunca ser como queremos, sempre está com a razão. Ela passa, e você é quem decide se quer ficar. Porquê talvez, e só talvez, o tempo bom mesmo, seja esse.
Pense: O que você é agora? E amanhã, quando olhar pra trás, o que verá? O que você QUER ver? E se o tempo tivesse pernas e braços? Até que ponto todo o amor pelo passado te faz seguir em frente? 
Mas... e se o amanhã fosse hoje? E se o futuro fosse agora? E se esse mesmo tempo, te convidasse para abraçá-lo; você correria com ele?  E sem esse amor, o que restaria de você? Qual sua essência? 
Valeu ou não a pena? 
E se no lugar de olhar para trás, apenas seguisse adiante?

O que você tira de disto?