quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

"The move"





O engraçado em ter um blog/caderno/diário é que a gente sempre escreve sabendo que no rascunho vai dá merda, que no outro dia não vai concordar, que daqui a um mês ou dois vai olhar pra trás –ou pra tela fria do computador- e se perguntar o que te levou ali ou acolá. Particularmente, quando me ponho sobre o teclado é com a certeza na ponta dos dedos e o mundo na palma da mão. E mais engraçado ainda é que a gente vai aprendendo a se descobrir numa história contada por nosso próprio coração. Meloso? Talvez. Mas das tantas certezas que já tive/tenho a que ainda me acompanha é que aqui é o único lugar onde de fato posso encontrar colo, simplesmente por que quem me acolhe sou eu mesma.


Então me deixem contar uma coisa pra vocês: Olho pra trás e não consigo me enxergar mais na pessoa de um ano atrás. Que dentre tantas coisas achava que a vida dependia de diversos fatores: do tempo, da hora, das pessoas, das opiniões; Que escutava os outros e defendia suas verdades como próprias; Que ia levando e se conformando pra buscar mais tarde; procurando conceitos pra formar opiniões.

Hoje em dia, sei que a vida depende exclusivamente de mim e do que eu quero; aprendi a escutar sem amarras e só tomo por verdade o que realmente acho que é; vou arrastando tudo, tentando fazer sobrar só o arrependimento e não vontades. No meio disso tudo, parece mesmo é que estou aprendendo a criar meus próprios conceitos...


E como há 10 meses venho esperando as coisas finalmente começaram a tomar forma e se colocaram em minha frente. Confesso que não foi  de maneira acolhedora, mas  o sabor do desafio me empurrou e é o que me mantém  sob (in)costante movimento até agora.

E já que o assunto é confessar, vou logo mandar mais uma: nunca estive tão bem comigo mesma! Uma sensação de dever cumprido (por hora), de realização. Vontade de gritar pra quem quiser ouvir como tenho capacidade suficiente pra dizer que estou começando a ser dona das minhas próprias decisões. De um tempo pra cá criei “peito” suficiente pra “peitar” qualquer um que se sinta a vontade pra me ouvir.


Apostei todas as minhas fichas em um tabuleiro incerto, inclinado. Só que ainda assim é a partida que quero encarar. Por que se eu não tentar por mim, quem mais o fará? Com medo ou não... Temos poucas chances de sermos o que de fato queremos e é assim que escolho jogar: com entrega.


E o tempo todo rolam críticas.

E eu só tenho uma coisa pra pedir pra vocês: não sejam covardes nem cagões. São 32 peças no tabuleiro, e são as brancas que tem o direito de sair na frente.


Geralmente, o peão. 
Que mesmo correndo grande risco pode optar por pular duas casas em uma única jogada.

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

Sobre 2012.



Esse texto foi escrito no dia 31/12/2012
-
 2012 começou diferente. Com um sabor tão pouco adocicado pela beleza que 2011 deixava para trás, acabou se tornando lento. E o resultado foi que andei pra trás diversas vezes, tive medo e evitei caminhos que sabia que seriam difíceis, me calei diante de brigas a muito perdidas e outrora me senti bem por estar  sentada no banco da indiferença.

E me mantive lá, até que março me jogou no chão com uma violência imprevista. E o efeito... Foi de areia movediça. Me vi afundar lentamente com o peso de todas as palavras  não-ditas sobre os ombros. As pernas, pelo tempo que estavam paradas em um mesmo lugar, não expressaram reação ao ficarem dormentes. E eu me senti sufocada. Lutei para sair e quando isso ocorreu cuspi toda lama ingerida em cima de gente que estava comigo há anos, que não fizeram o efeito de dias.

Só que uma cabeça quase submersa, não quer se lembrar do que a salvou e sim de como nunca mais quer precisar de salvação. Bati o pezinho e me recusei a ir pelos caminhos tortuosos outrora vistos e  não sentidos que havia recusado pelo pavor de olhar para trás e tomei coragem suficiente para construir o meu próprio, totalmente novo. Chutei o banco, a parede, as pessoas e coloquei todas elas em uma caixa que ainda se  mantém aqui, porém intacta. Com lágrimas nos olhos corri para frente, o mais rápido que pude. E cheguei onde não imaginava.

Nunca, em um único ano, tantas escolhas diferentes se prostraram diante de mim, e nunca as apontei com tanta segurança como fiz. Escolhi a dedo as pessoas que queria ao meu lado, fiz um catálogo de quem eu nunca poderia esquecer e de quem deveria, até descobrir que  não controlo essas coisas, por que a vida segue, e, infelizmente se a gente ficar na cola e olhar para trás a cada passo dado perdemos o ponto ou passamos dele.

2012 exigiu muito mais do que eu achava que poderia dar. E eu simplesmente entrei dentro dele, oferecendo tudo que podia. Daí amigo, o resultado foi tão bom que não quero deixar ele ir embora.
Esse ano, escrevi menos de mim do que consigo lembrar, mas pensei  e senti mais que qualquer outro.
Li um bilhão de livros e me refiz 2bilhões de vezes afundada em cada página. Descobri o quanto era ingênua e que se a vida não bater você não aprende a cair.   Escutei muitas críticas, muitos elogios... E inacreditavelmente  não tenho o que falar a respeito de felicidade e tristeza, pois nunca como nesses 12 meses vi as duas faces com tanta intensidade em um só rosto. As alegrias me fizeram pular, gritar, sorrir de verdade, sentir o gosto da intensidade.  Já as decepções me trouxeram ares tão salgados que achei que as lágrimas poderiam vir a ferir fisicamente também.

A sensação que tenho é que 2012 encostou em mim e sussurrou: é agora. E eu, que aprendi a nunca dizer nunca, entrei no barco.
E agora simplesmente me dou ao direito de descer na praia e respirar. Olhei envolta e qual não foi minha surpresa quando a vista era muito mais bonita que na minha imaginação. Enfim, parece mesmo que é isso ai. Adeus 2012. Que venha 2013. E que este traga  ventos capazes de levantar a areia da orla que incialmente sempre aparenta ser tão calma, mas que tem o poder de embaçar os olhos ao romper dos fogos.