quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Música

Hoje acordei cedo, e decidi sair de casa pra respirar.  Peguei um casaco e desci. Sentei no estacionamento quase que sentindo o gosto do frio das cinco da manhã.  Fiquei lá meio encolhida, com um sorriso meio escondido, observando os carros que pouco a pouco enchiam a pista numa melodia desarmônica, quando a única pessoa que eu não esperava ver, veio me perguntar se eu era uma dessas que gostava de música. E no por quê. Perguntas que inicialmente não são dignas de uma reflexão, pois quem me conhece sabe o quanto eu gosto do negócio. Mas eu disse inicialmente não foi?

Então. Admito que respondi balela pela força do hábito. Mas aquilo ficou na cuca, meio que... Encucado. E voltei pra casa num pulo pra buscar os fones na ânsia de tentar entender o que leva alguém a fazer uma pergunta desse porte à outra que se encontra de roupa de dormir e casaco no meio do quase-nada.
E não consegui. Pois, como dizem: não dar pra saber o que se passa na cabeça de cada cidadão.

Em contrapartida, agora sei responder a altura. Por que acabei de descobrir que música tem cor e sabor. É como o vento, ou o mar. Você escolhe! É como uma capa que se veste por uns minutos e se retira, num corte fundo mais não desagradável, pelo contrário: bonito de se ver.
Particularmente, gosto de todos os ritmos. Cada um me faz lembrar de um tempo, de um momento,  de um pedaçinho de história que ficou pra trás, ou não. Como as lembranças que vêem lentamente junto com o velho MPB no som gasto e gigante do vô Marcílio que parecia gritar de tanto sentimento no comando de Caetano e Roupa Nova.
Ou no pagode da rua, em pleno domingo. No rock que pulsa dentro do fone na hora de ir pra aula.
Na exclusividade que a música brasileira tinha no antigo hoje perdido mp3. No rap torto com letra bruta às nove da manhã, nos intervalos de 2009.
Devo admitir também, que sou amante de todas as outras(!) artes, mas que pra mim os músicos superam-se. São eles que tocam várias gerações com uma letra, que não escolhem pessoas, que emocionam, que fazem parte da vida de tanta gente (inclusive da minha), e que dizem tanto em tão pouco tempo. Que passam por diferentes gentes afogando todo mundo num mesmo mar.  

Isso pra mim, é mágica.

Então a eles, o meu respeito.