PRÓLOGO
Depois de três
tentativas, conseguiu abrir os olhos. Eles pesavam como se tivessem vontade
própria e quisessem se manter alheios a realidade que se assemelhava ao vazio
de quem dorme uma noite sem sonhos. Não sentiu vontade de fazer esforço, apenas
deixou os olhos vagarem e tentou se acostumar com a total falta de luz. Estava
atordoada. Seus músculos estavam pesados, suas mãos dormentes, todas as suas
juntas doíam e, no entanto, seu cérebro trabalhava rapidamente, parecendo uma
parte desconexa daquele estado físico. Podia
sentir frio além do torpor e sabia que seus sentidos estavam apurados. Sentiu
receio, mas respirou fundo. Junto com um cheiro que ela conhecia bem, veio a
dor. Seu estômago se contraiu e o pulmão ardeu, teve vontade de vomitar. Virou-se
para tentar ver sua origem e pôde sentir o chão quente... Molhado por seu próprio
sangue élfico.
O desespero
veio rápido demais. Ela tentou inutilmente se manter de pé. Percebeu que estava
presa ao chão e viu a confusão entrar em êxtase. Não conseguia se lembrar de
como fora parar ali, nem o que fizera. Teve vontade de chorar e sentiu o
coração apertar. Quando finalmente a dúvida parou de consumi-la só havia restado
uma certeza: quem era.
Por impulso
gritou por ajuda. Nenhum ruído. Tinha começado a procurar algo que pudesse
soltá-la quando a dor fina que havia começado a muito no pescoço, alcançou sua
cabeça. As cores explodiram e ela já não conseguia distinguir se estava frio ou
quente demais.
E a ultima coisa
que sentiu foi o corpo se contorcer e tombar com violência duas vezes no chão
duro.
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