Esboço de um quase-livro...

...ou de uma quase-ideia.


PRÓLOGO

 
   Depois de três tentativas, conseguiu abrir os olhos. Eles pesavam como se tivessem vontade própria e quisessem se manter alheios a realidade que se assemelhava ao vazio de quem dorme uma noite sem sonhos. Não sentiu vontade de fazer esforço, apenas deixou os olhos vagarem e tentou se acostumar com a total falta de luz. Estava atordoada. Seus músculos estavam pesados, suas mãos dormentes, todas as suas juntas doíam e, no entanto, seu cérebro trabalhava rapidamente, parecendo uma parte desconexa daquele estado físico.  Podia sentir frio além do torpor e sabia que seus sentidos estavam apurados. Sentiu receio, mas respirou fundo. Junto com um cheiro que ela conhecia bem, veio a dor. Seu estômago se contraiu e o pulmão ardeu, teve vontade de vomitar. Virou-se para tentar ver sua origem e pôde sentir o chão quente... Molhado por seu próprio sangue élfico.
    O desespero veio rápido demais. Ela tentou inutilmente se manter de pé. Percebeu que estava presa ao chão e viu a confusão entrar em êxtase. Não conseguia se lembrar de como fora parar ali, nem o que fizera. Teve vontade de chorar e sentiu o coração apertar. Quando finalmente a dúvida parou de consumi-la só havia restado uma certeza: quem era.
    Por impulso gritou por ajuda. Nenhum ruído. Tinha começado a procurar algo que pudesse soltá-la quando a dor fina que havia começado a muito no pescoço, alcançou sua cabeça. As cores explodiram e ela já não conseguia distinguir se estava frio ou quente demais.
  
   E a ultima coisa que sentiu foi o corpo se contorcer e tombar com violência duas vezes no chão duro.
 


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