sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Valores.

Quando penso na morte, a única coisa de que consigo ter certeza é que não sei o que penso. Pois veja: morrer é uma coisa tão natural, que já nascemos até sabendo que mais cedo ou mais tarde irá acontecer.
Sim, a morte é imutável. Está presente em quase tudo, assim como a vida.
As flores e folhas morrem, os animais morrem, os sentimentos morrem. Nós morremos. E quando chega a noite, até o sol se vai.

E me dizem que esse é o grande espetáculo da vida.

A morte não liga pra nós, não liga para nossas obras, pouco se lixa para o que estamos ou não deixando pra trás. Portanto, eu tenho mania de achar que o que ela quer mesmo é nos ensinar a viver. Então, nunca tenho pena dos que se vão, no muito, é da forma como morrem. Mas me diga, há alguma justiça em morrer dormindo? Não. Lá no fundo, tudo é igual...
Sendo assim, tenho pena dos vivos, sobretudo dos que deixam de viver e ver. Que são de  natureza cega, daltônicos para as cores do mundo, e além de tudo, para a mistura delas.

Uma vez li que Deus “é isso aí”. E talvez seja! Talvez Deus seja mesmo o canto dos pássaros, seja toda essa imensidão azul, seja o sol que se afoga todos os dias no mar, mas que sempre raia novamente. Talvez Deus seja as estrelas, a lua, seja estar vivo.
Já vieram me contar da tristeza que é descobrir que se quer outra coisa, no meio da que já se está fazendo. Já pensou? Descobrir que quer fazer jornalismo, no 3° ano de direito? E aí? E aí que com toda a ironia que me é permitida, só resta dizer que a vida é curta. Muito.
O problema é que a gente tem mania de achar que a realidade é triste. E não é. Porque apesar de tanta desigualdade, tanta violência, tanta morte em si, a beleza é visível. Os sorrisos estão aí, a terra nunca para de girar, e o sol... Ah! o sol continua se pondo.
Sempre.
Assim, repito que o que a morte quer, é nos ensinar a viver. Ela nos trás outros ângulos, e talvez seja também parte de Deus.

Então, se um dia eu pudesse escolher como morrer, escolheria partir criança. Por que nada mais é preciso saber, do que ela sabe. Nada mais é preciso ter, do que ela tem.  Sim, pois mesmo com nada, a criança acha que tem tudo. Tudo que é preciso pra ser feliz. Ela tem Deus, tem paz. Ela enxerga.
Somos nós que estragamos tudo. São os carros caros, as casas caras, as roupas da moda. É essa política tão suja. É a poluição que embaça os olhos, que os cansa. Quantas vezes você já parou pra olhar aquela árvore que está ali todo dia? Na certa também nunca parou pra pensar em quanta vida há nela.
Uma criança não só faz isso, ela vai além: “bate um papo”.

Pena que talvez seja tarde demais para esse desejo. Ou não. Vai saber.