segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

Sobre 2012.



Esse texto foi escrito no dia 31/12/2012
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 2012 começou diferente. Com um sabor tão pouco adocicado pela beleza que 2011 deixava para trás, acabou se tornando lento. E o resultado foi que andei pra trás diversas vezes, tive medo e evitei caminhos que sabia que seriam difíceis, me calei diante de brigas a muito perdidas e outrora me senti bem por estar  sentada no banco da indiferença.

E me mantive lá, até que março me jogou no chão com uma violência imprevista. E o efeito... Foi de areia movediça. Me vi afundar lentamente com o peso de todas as palavras  não-ditas sobre os ombros. As pernas, pelo tempo que estavam paradas em um mesmo lugar, não expressaram reação ao ficarem dormentes. E eu me senti sufocada. Lutei para sair e quando isso ocorreu cuspi toda lama ingerida em cima de gente que estava comigo há anos, que não fizeram o efeito de dias.

Só que uma cabeça quase submersa, não quer se lembrar do que a salvou e sim de como nunca mais quer precisar de salvação. Bati o pezinho e me recusei a ir pelos caminhos tortuosos outrora vistos e  não sentidos que havia recusado pelo pavor de olhar para trás e tomei coragem suficiente para construir o meu próprio, totalmente novo. Chutei o banco, a parede, as pessoas e coloquei todas elas em uma caixa que ainda se  mantém aqui, porém intacta. Com lágrimas nos olhos corri para frente, o mais rápido que pude. E cheguei onde não imaginava.

Nunca, em um único ano, tantas escolhas diferentes se prostraram diante de mim, e nunca as apontei com tanta segurança como fiz. Escolhi a dedo as pessoas que queria ao meu lado, fiz um catálogo de quem eu nunca poderia esquecer e de quem deveria, até descobrir que  não controlo essas coisas, por que a vida segue, e, infelizmente se a gente ficar na cola e olhar para trás a cada passo dado perdemos o ponto ou passamos dele.

2012 exigiu muito mais do que eu achava que poderia dar. E eu simplesmente entrei dentro dele, oferecendo tudo que podia. Daí amigo, o resultado foi tão bom que não quero deixar ele ir embora.
Esse ano, escrevi menos de mim do que consigo lembrar, mas pensei  e senti mais que qualquer outro.
Li um bilhão de livros e me refiz 2bilhões de vezes afundada em cada página. Descobri o quanto era ingênua e que se a vida não bater você não aprende a cair.   Escutei muitas críticas, muitos elogios... E inacreditavelmente  não tenho o que falar a respeito de felicidade e tristeza, pois nunca como nesses 12 meses vi as duas faces com tanta intensidade em um só rosto. As alegrias me fizeram pular, gritar, sorrir de verdade, sentir o gosto da intensidade.  Já as decepções me trouxeram ares tão salgados que achei que as lágrimas poderiam vir a ferir fisicamente também.

A sensação que tenho é que 2012 encostou em mim e sussurrou: é agora. E eu, que aprendi a nunca dizer nunca, entrei no barco.
E agora simplesmente me dou ao direito de descer na praia e respirar. Olhei envolta e qual não foi minha surpresa quando a vista era muito mais bonita que na minha imaginação. Enfim, parece mesmo que é isso ai. Adeus 2012. Que venha 2013. E que este traga  ventos capazes de levantar a areia da orla que incialmente sempre aparenta ser tão calma, mas que tem o poder de embaçar os olhos ao romper dos fogos.