Esse texto foi escrito no dia 31/12/2012
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2012 começou diferente. Com um sabor tão pouco adocicado
pela beleza que 2011 deixava para trás, acabou se tornando lento. E o resultado
foi que andei pra trás diversas vezes, tive medo e evitei caminhos que sabia
que seriam difíceis, me calei diante de brigas a muito perdidas e outrora me
senti bem por estar sentada no banco da
indiferença.
E me mantive lá, até que março me jogou no chão com uma
violência imprevista. E o efeito... Foi de areia movediça. Me vi afundar
lentamente com o peso de todas as palavras
não-ditas sobre os ombros. As pernas, pelo tempo que estavam paradas em
um mesmo lugar, não expressaram reação ao ficarem dormentes. E eu me senti
sufocada. Lutei para sair e quando isso ocorreu cuspi toda lama ingerida em
cima de gente que estava comigo há anos, que não fizeram o efeito de dias.
Só que uma cabeça quase submersa, não quer se lembrar do que
a salvou e sim de como nunca mais quer precisar de salvação. Bati o pezinho e me
recusei a ir pelos caminhos tortuosos outrora vistos e não sentidos que havia recusado pelo pavor de
olhar para trás e tomei coragem suficiente para construir o meu próprio,
totalmente novo. Chutei o banco, a parede, as pessoas e coloquei todas elas em
uma caixa que ainda se mantém aqui,
porém intacta. Com lágrimas nos olhos corri para frente, o mais rápido que
pude. E cheguei onde não imaginava.
Nunca, em um único ano, tantas escolhas diferentes se prostraram
diante de mim, e nunca as apontei com tanta segurança como fiz. Escolhi a dedo
as pessoas que queria ao meu lado, fiz um catálogo de quem eu nunca poderia
esquecer e de quem deveria, até descobrir que
não controlo essas coisas, por que a vida segue, e, infelizmente se a
gente ficar na cola e olhar para trás a cada passo dado perdemos o ponto ou
passamos dele.
2012 exigiu muito mais do que eu achava
que poderia dar. E eu simplesmente entrei dentro dele, oferecendo tudo que
podia. Daí amigo, o resultado foi tão bom que não quero deixar ele ir embora.
Esse ano, escrevi menos de mim do que consigo lembrar, mas
pensei e senti mais que qualquer outro.
Li um bilhão de livros e me refiz 2bilhões de vezes afundada
em cada página. Descobri o quanto era ingênua e que se a vida não bater você
não aprende a cair. Escutei muitas críticas,
muitos elogios... E inacreditavelmente não tenho o que falar a respeito de felicidade
e tristeza, pois nunca como nesses 12 meses vi as duas faces com tanta
intensidade em um só rosto. As alegrias me fizeram pular, gritar, sorrir de verdade,
sentir o gosto da intensidade. Já as
decepções me trouxeram ares tão salgados que achei que as lágrimas poderiam vir
a ferir fisicamente também.
A sensação que tenho é que 2012 encostou em mim e sussurrou:
é agora. E eu, que aprendi a nunca dizer nunca, entrei no barco.
E agora simplesmente me dou ao direito de descer na praia e
respirar. Olhei envolta e qual não foi minha surpresa quando a vista era muito
mais bonita que na minha imaginação. Enfim, parece mesmo que é isso ai. Adeus
2012. Que venha 2013. E que este traga
ventos capazes de levantar a areia da orla que incialmente sempre aparenta
ser tão calma, mas que tem o poder de embaçar os olhos ao romper dos fogos.